Data: 21/12/2016
Uma chuva persistente caiu do céu no dia 20, talvez para refrescar a tarde às vésperas do verão, ou talvez para, junto de cerca de 120 pessoas, não perder importante cerimônia no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), em Mafra. Foi o dia da inauguração do serviço de hemodinâmica e cardiologia intervencionista na instituição, um passo importante na história do hospital e um marco na ampliação dos serviços de saúde de todo o Planalto Norte Catarinense.
A direção do hospital, ao lado de colaboradores, médicos, funcionários, autoridades e homenageados, deu o pontapé inicial para a prestação de um tipo de serviço de saúde sem igual na região. O setor de hemodinâmica e de cardiologia intervencionista compreende os procedimentos mais conhecidos por cateterismo, angioplastia, inserção de stent cardíaco; e também em breve, o funcionamento do serviço de cirurgia cardiovascular e endovascular, como ponte de safena, por exemplo.
O setor de hemodinâmica exigiu do hospital um investimento na ordem de 2,5 milhões. Foram desembolsados R$ 900 mil para a obra no local e R$ 1,6 milhão em equipamento e maquinário necessário. O dinheiro é oriundo de emendas parlamentares do Deputado Federal Mauro Mariani, de doação da comunidade por meio da conta de luz e recursos próprios do hospital.
Por hora, o atendimento será feito de forma eletiva, para pacientes particulares e de convênio. No entanto, a direção do hospital já iniciou os esforços para o credenciamento do serviço pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Essa inauguração é o cumprimento de uma etapa; agora inicia o trabalho para manter em bom funcionamento o Serviço. E começa também a nossa luta e nosso apelo, pois precisamos de apoio e de representação política para o credenciamento desse serviço para a saúde pública de forma urgente”, disse o presidente Valdecir Valoja de Collo, no discurso de inauguração.
O pedido é muito válido, uma vez que não há oferta desse tipo de serviço na região do Planalto Norte Catarinense, que abrange 13 municípios – de Campo Alegre a Porto União – e congrega cerca de 400 mil pessoas. “Com a crise, diante do cenário de desemprego e com a diminuição dos investimentos no setor público, mais pessoas vão migrar para o SUS. Por isso, precisamos pleitear que esse atendimento seja feito aqui”, resume. O atendimento em Mafra também facilitaria a vida dos pacientes que, muitas vezes, precisam aguardar vagas em outras cidades, que por vezes estão a 300 km de distância.
O pedido não poderia ter sido feito em ambiente melhor, pois uma série de autoridades da região acompanharam a inauguração. Entre eles, estava o secretário estadual de saúde, João Paulo Kleinubing. Mais uma vez, ele endossou um elogio ao HSVP, nomeando a entidade como exemplar entre os hospitais filantrópicos do estado. “A entidade é um exemplo de gestão e presença na comunidade. A inauguração de um novo serviço significa que o investimento não vai mais parar”, disse, em tom otimista. Ao lado dele, deputados estaduais, prefeitos e vereadores de Mafra e de cidades vizinhas puderam conhecer a nova ala no hospital e certificar a qualidade da estrutura e do corpo técnico que prestará atendimento no local.
Homenagem necessária
O descerramento do setor de hemodinâmica e cardiologia intervencionista foi feito por Bernadete Dequech, esposa do falecido e saudoso médico doutor Gabriel Dequech Filho, importante figura na história da instituição e que será lembrado sempre, pois a nova ala leva o nome do profissional. Ao lado de filhos e netos, Bernadete oficializou a abertura do evento.
Primeiro atendimento
Há dois meses afastado do serviço de motorista da prefeitura de Rio Negrinho, Elio Eckel (54 anos) sofria com dores constantes no peito, além de apresentar quadro diabetes e hipertensão. Não foram dias fáceis para a família até descobrir a causa do sofrimento: uma veia obstruída no coração, que poderia desencadear um infarto a qualquer momento. “Ele sentia muita dor e a gente esperava quando ia ser possível fazer o exame, que teria que ser em Curitiba”, conta a esposa, Cirlei do Rocio Eckel, 47 anos, que tem seis filhos com Elio.
Ela lembra a alegria de toda a família quando recebeu uma ligação da Secretaria de Saúde contando que o exame poderia ser realizado em Mafra, tão pertinho de casa e da família. Elio foi atendido no Hospital São Vicente de Paulo na semana de aplicação do setor de hemodinâmica, no início de dezembro, quando toda a equipe de profissionais fez os primeiros procedimentos no local. “Não tem como explicar como é mais fácil que seja aqui em Mafra. Mais perto de casa, perto dos filhos, ninguém precisa faltar o serviço e todo mundo pode acompanhar a recuperação dele”, conta Cirlei.
Já sem dores, Elio e a família comemoram um recomeço. Depois de ser submetido a um cateterismo para diagnóstico da situação, a equipe médica decidiu que o melhor seria realizar uma angioplastia no mesmo dia, pois não era prudente esperar. O procedimento foi realizado com técnica moderna, por via radial (no braço), que gera recuperação mais rápida e menos incomodo para o paciente. “Agora estamos todos aliviados”, resume Elton Eckel, um dos filhos do paciente.
Serviço de ponta
As doenças cardiovasculares, como o infarto e o AVC, são a principal causa de morte em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Nesses casos, o tempo é essencial. “Prestar um atendimento rápido nesses casos dá uma melhor evolução ao paciente e diminui a mortalidade e a morbidade. Ter um serviço disponível na região vai agilizar o atendimento e também estimular a população a procurar o serviço de saúde já nos primeiros sintomas”, comenta o médico cardiologista intervencionista, doutor Alysson Faidiga, que junto com os médicos doutor Rafael Sachet Dutra e doutor Stefan Costa Silveira, vai integrar a equipe que atenderá no setor.
A estrutura para atendimento não deixa a desejar para nenhum grande centro urbano. Com edificações modernas e equipamentos de última geração, o setor de hemodinâmica do HSVP poderá atender integralmente os pacientes acometidos com doenças coronarianas. “O local é top de linha e pode ser comparado com qualquer outro hospital de São Paulo”, exemplifica Thiago Ishihara, coordenador de aplicações da Toshiba Medical – empresa responsável pelo maquinário, que esteve no HSVP para treinar funcionários e acompanhar a realização dos primeiros procedimentos.
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